Chovia copiosamente.
Conferi os bolsos e o relógio, tinha 20 reais e 40 minutos. Havia pouca gente no terminal de ônibus. Também, não era pra menos, sexta-feira depois das nove da noite, só um louco pra sair de casa de ônibus com um tempo desses sem um bom motivo.
Avistei a locadora e, instintivamente, pensei no guarda-chuva. Ela dizia que aquilo na minha mão era uma arma, mas na verdade não é que eu fosse desajeitado com as mãos, mas o guarda-chuva era muito grande e sempre que ia entrar em um ambiente fechado procurava logo divisar um lugar para guarda-lo.
Locadora no centro da cidade, praticamente embaixo da catedral, lugar de gente abonada, com certeza devem ter pensado nisso. Só que não! acho que bacana não usa guarda-chuva.
Deixei o guarda-chuva em pé, junto à porta, certamente ele iria escorrer e molhar o chão, alguma velhinha ia escorregar, bater a cabeça e sangrar até morrer, já podia até ver o giroflex piscante do rabecão.
Mas enquanto a profecia não se cumpria, aproveitei a luz clara e abundante do local para dar uma olhada nas prateleiras, praticamente vazias àquela hora, enquanto esperava a chuva amainar.
Agora tinha 14 reais e 30 minutos.
_marcos daniel