Antes que venham ventos e te levem
do peito o amor — este tão belo amor,
que deu grandeza e graça à tua vida —,
faze dele, agora, enquanto é tempo,
uma cidade eterna — e nela habita.
Uma cidade, sim.
Edificada nas nuvens,
não — no chão por onde vais,
e alicerçada, fundo, nos teus dias,
de jeito assim que dentro dela
caiba o mundo inteiro:
as árvores, as crianças,
o mar e o sol,
a noite e os passarinhos,
e sobretudo caibas tu, inteiro:
o que te suja, o que te transfigura,
teus pecados mortais, tuas bravuras,
tudo afinal o que te faz viver
e mais… o tudo que, vivendo, fazes.
(…)
Uma cidade onde possas cantar
quando o teu peito parecer,
a ti mesmo, ermo de cânticos;
onde possas brincar sempre
que as praças que percorrias,
dono de inocências,
já se mostrarem murchas,
de gangorras recobertas de musgo,
ou quando as relvas da vida,
outrora suaves a teus pés,
brandas e verdes
já não se vergarem
à brisa das manhãs.
(…)
É tempo.
Faze tua cidade eterna, e nela habita:
antes que venham ventos, e te levem
do peito o amor — este tão belo amor
que dá grandeza e graça à tua vida.
_thiago de mello