Eu queria que, pelo menos uma vez na vida, alguém tivesse medo de me perder também.
Queria alguém que lutasse por mim como eu sempre lutei por todo mundo. Alguém que notasse meus silêncios quando eu me calo, quando eu fico mudo. Alguém que também perdesse o sono quando a gente tivesse uma discussão. Que preferisse engolir o orgulho a me ver indo embora, em vão. Alguém que sentisse como eu sempre sinto. Que ao me perder, estará perdendo um pedaço de si mesmo, sem querer.
Ao invés disso, sempre fui eu a pessoa que se quebra em pedaços enquanto assiste de arquibancado o amor que se perdeu. Sou eu sempre a pessoa que vê os outros indo embora. Sou sempre eu. Sou sempre eu, a pessoa que aparece a qualquer hora. A pessoa que lembra dos aniversários, dos pequenos detalhes que fazem as pessoas se sentirem olhadas, vistas, amadas, a pessoa que escolhe ficar e consegue perdoar, de novo, de novo, de novo, e se agarrar ao nada.
Muitas vezes eu achei que era melhor me sentir desvalorizado um pouquinho do que ter que ficar sozinho. Mas uma vez na vida, uma vez na vida eu queria saber como é estar no primeiro pensamento de alguém ao acordar, eu queria ser a pessoa que não conseguem imaginar viver sem, porque eu importo também, porque a minha risada é o som que vão sentir saudades, porque minha ausência criaria um buraco que ninguém mais poderia preencher, de verdade. Eu queria saber como é a sensação de ser amado, ao invés de ser apenas tolerado, de ser escolhido, ao invés de não se importarem se eu fico ou não ao seu lado. Uma vez em minha existência eu queria ser a pessoa que as pessoas têm medo de perder.