Flutuando entre alegrias bobas e tristezas bem fundamentadas.

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Não-pertencimento

Mais do que nunca, sentiu José Maria naquela noite a solidão da casa. Não tinha amigos, não tinha mulher nem amante. E já lera todos os jornais. Havia o telefone, é verdade. Mas ninguém chamava. (…) … Como vencer a noite que mal começava?

Fechou o rádio com desespero, virou dois tragos de vinho do Porto, deitou-se. A espaços ouvia o barulho do bondezinho rilhando nas curvas da colina, a explosão de um e outro foguete que subiam da vertente de Aguas Férreas, seguida de latidos de cães e gritos indistintos. Ingeriu outra dose de vinho. E adormeceu.

_aníbal machado


Nunca tinha lido Viagem aos Seios de Duília,
do escritor carioca Aníbal Machado.
Apesar de ter sido escrito em 1959,
as aflições e o sentimento
de não pertencimento do protagonista
se parecem muito com as chagas emocionais
que assolam os habitantes do presente tempo,
notadamente a esse que vos escreve.

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